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A turma de ADM Publica I semestre da UFC, em especial Willame, Patricia e Edilglecio Primo, traz a você um tema não muito discutido que pode ajudar muito no seu futuro: "O nome de pessoa tem alguma influencia na escolha da carreira profissional?" A numerologia diz que sim. Mas está correta? queremos a sua opinião.






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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Para que serve o nome que carrego, quando minhas culturas se desmancham?*

        Vejamos o que salienta os estudos psicológicos sobre a essência dos nomes próprios ,segundo;"Na desintegração do Nome próprio, é então o valor pulsional que se libera, esvaziando, mais do que despedaçando, o corpo simbólico. Esvaziando esse corpo simbólico que torna plausível um corpo vivo, em suma, o pacto entre Nome e Corpo. É o caso exemplar desses operários, que muitas vezes são magrebinos que, após um acidente de trabalho – acidente que na maioria das vezes é provocado por deslocamentos de corpos ou de objetos – rompem todo elo possível com a outra terra, a outra margem, e que só se apresentam levando com eles (ou contra eles) pastas de especialistas em que, no amontoado sem sentido das avaliações de prejuízos, seu nome não se torna mais aquele traço absurdo que circula sem eles, que é discutido sem eles. O escrito é separado da voz. Puro achatamento da pulsão escópica, nada dá lugar ou direção dentro e fora do corpo. É sempre o cheio demais de imagem a que ele se encontra reduzido e que reflui sobre o sujeito quando ele não está mais protegido pelo valor simbólico de seu nome.
Nunca se dirá a que ponto o assassinato do nome se reproduz quando o dizer e o fazer reconhecer seu nome se resumem a dizer e fazer reconhecer o aspecto de estar tudo correto quanto aos papéis nos quais o nome está escrito. O Nome que o clandestino, o sem-documentos, carrega, não é mais do que um signo, um sinal que garante a entrada, ou que o precipita em direção à saída. É o Nome em Estado Limite, nos limites do Estado... Escrita sempre carregada de suspeitas para aqueles que sem descanso controlam, escrita que sempre expropria o ser daquele a quem só resta essa única marca, seu nome sem sombra, escrito como um número, para circular em terra estrangeira. É nesse momento de brutal transformação do nome em espectro, que o mundo – que segundo Lacan existe entre a palavra e a letra – num turbilhão, engole e cospe. Um nome à deriva, sem nome nem pai substituto. Um nome que é tomado como nada que valha a pena, como algo comum, um corpo fantoche é apropriado ao sujeito pelos outros"
  • Se tudo é equivalente, tudo pode ser recusável e intercambiável, até mesmo e inclusive o Nome que se carrega e que nos carrega.
É verdade que dar e receber um nome próprio, um nome limpo, é diferente de ser designado como particularidade, e dentro de sua particularidade. Há no Nome Próprio algo insubstituível, posto que há a alteridade indivisível que aparece e recolhe a epopeia de uma memória imemorial. Há um Nome próprio quando alguma coisa de um elo se estabelece entre uma voz e uma letra, quando uma afinidade está em jogo entre um eu, um corpo e o dom de uma letra que não vem de lugar nenhum. Intraduzível, exceto quanto a fazer dele quase um insulto ou uma ridicularia frágil e fragilizante, o nome, em razão de sua amarra literal, é dotado para a viagem, e talvez mesmo seja aplicado exclusivamente à viagem, posto que não são somente os homens que migram, mas também as palavras e as letras se deslocam e se transferem...
                                                   Olivier Douville
Psicanalista; membro do Laboratório CRPMS, Universidade de Paris 7; membro da Associação Francesa de Antropólogos; autor de De l'adolescence errante (Nantes: Plein Feux, 2008, Prêmio Oedipe de 2008), E-mail: douvilleolivier@noos.fr ARTIGO

Para que serve o nome que carrego, quando minhas culturas se desmancham?*

Um comentário:

  1. O exercício contemporâneo da psicanálise com sujeitos que estão às voltas com a história revela os importantes efeitos da destruição das subjetividades nos contextos sociais e políticos marcados pela recusa de alteridade, por exclusões e segregações. O valor simbólico e o lugar significante do nome próprio são atacados aí, e o nome pode se ver reduzido a uma objetalidade.

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