Nunca se dirá a que ponto o assassinato do nome se reproduz quando o dizer e o fazer reconhecer seu nome se resumem a dizer e fazer reconhecer o aspecto de estar tudo correto quanto aos papéis nos quais o nome está escrito. O Nome que o clandestino, o sem-documentos, carrega, não é mais do que um signo, um sinal que garante a entrada, ou que o precipita em direção à saída. É o Nome em Estado Limite, nos limites do Estado... Escrita sempre carregada de suspeitas para aqueles que sem descanso controlam, escrita que sempre expropria o ser daquele a quem só resta essa única marca, seu nome sem sombra, escrito como um número, para circular em terra estrangeira. É nesse momento de brutal transformação do nome em espectro, que o mundo – que segundo Lacan existe entre a palavra e a letra – num turbilhão, engole e cospe. Um nome à deriva, sem nome nem pai substituto. Um nome que é tomado como nada que valha a pena, como algo comum, um corpo fantoche é apropriado ao sujeito pelos outros"
- Se tudo é equivalente, tudo pode ser recusável e intercambiável, até mesmo e inclusive o Nome que se carrega e que nos carrega.
Olivier Douville
Psicanalista; membro do Laboratório CRPMS, Universidade de Paris 7; membro da Associação Francesa de Antropólogos; autor de De l'adolescence errante (Nantes: Plein Feux, 2008, Prêmio Oedipe de 2008), E-mail: douvilleolivier@noos.fr ARTIGO
Para que serve o nome que carrego, quando minhas culturas se desmancham?*
O exercício contemporâneo da psicanálise com sujeitos que estão às voltas com a história revela os importantes efeitos da destruição das subjetividades nos contextos sociais e políticos marcados pela recusa de alteridade, por exclusões e segregações. O valor simbólico e o lugar significante do nome próprio são atacados aí, e o nome pode se ver reduzido a uma objetalidade.
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